Resumo do Encontro Mundial das Famílias - Milão 2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Responsáveis da pastoral familiar avaliam VII Encontro Mundial das Famílias


Bernardo e Graça Mira Delgado
O VII Encontro Mundial das Famílias, que terminou ontem, mereceu uma avaliação positiva da parte dos responsáveis da pastoral familiar ouvidos pela FAMÍLIA CRISTÃ ainda em Milão. Bernardo e Graça Mira Delgado, o casal responsável pelo Departamento Nacional da Pastoral Familiar (DNPF), revelaram que, apesar do tema ser «estranho», os conteúdos do Congresso foram muito importantes. «Estávamos um pouco perplexos com o tema, mas no fundo é uma forma de integrar toda a vida das pessoas dentro da família. Tudo quanto é trabalho e tudo é festa, e no fundo é transformar toda a vida da família e integrá-la no mesmo projeto», referiu Graça Mira Delgado.

Bernardo Mira Delgado destaca a forma como o enquadramento teológico da família foi «muitíssimo bem abordado no primeiro dia, com algumas ideias novas, pelo menos na forma de apresentação» e a maneira como se falou da «gratuidade e da reciprocidade do trabalho, e das relações que havia entre a família e o trabalho», enquanto que Graça Mira Delgado preferiu destacar a forma como a festa se deve manifestar na vida da família, sempre ligada ao trabalho. «Uma das coisas que me ficou é que vemos sempre o trabalho como oposição à festa. O trabalho é o que nos retira da família, que nos afasta do prazer e do bem-estar, e acho que aí é preciso fazer uma alteração profunda. Se o trabalho for encarado como motor de desenvolvimento, pode ser uma arma para melhorar a vida na família e não um obstáculo», sustentou a responsável do DNPF.

O grande desafio agora é, claro, fazer chegar a estas mensagens a todos os quantos não tiveram oportunidade de assistir às conferências e aos discursos do Papa. «Estas mensagens deverão ser passadas por todos os que tivemos a sorte de aqui estar, porque é muito importante que tudo passe. É uma pena se isto fica aqui fechado, se não se leva isto às pessoas», diz Bernardo Mira Delgado, e Graça Mira delgado reconhece que a bola está do lado do DNPF. «Este é o grande desafio que se nos coloca, a razão pela qual aqui estamos. Temos de desmultiplicar esta informação por toda a gente. Esperamos que a Pastoral Familiar seja impulsionada e chegue às pessoas», afirma.

Pouca participação portuguesa preocupa responsável de Braga
Jorge Teixeira (à direita na foto) no Aeroporto de Bresso com o grupo de Braga
Jorge Teixeira é responsável diocesano da Pastoral Familiar em Braga e veio a acompanhar um dos grupos que se deslocou da cidade dos Arcebispos até Milão. No final de tudo, a avaliação é também muito positiva, embora o responsável defenda que não se possa fazer «copy paste [cópia literal]» disto para a realidade portuguesa. «Há coisas que são bases teóricas que é importante quem trabalha estas áreas ter, e essas foram dadas. As experiências, que era o que vínhamos mais à procura, é que têm de ser adaptadas. Por exemplo, fui assistir a uma mesa redonda sobre casais divorciados onde se deu a experiência de alguns casais e da forma como lidavam com a situação. É óbvio que não podemos transpor para a nossa realidade tudo o que foi dito e partilhado, mas pelo menos ficámos muito mais sensíveis, porque foram testemunhos de vida muito tocantes», referiu Jorge Teixeira.

O responsável de Braga destaca o tema do Trabalho de entre as temáticas abordadas no Congresso. «O trabalho que prejudica a família, porque é levado ao exagero o excesso de horas que se dedica a ele, ou o trabalho que falta, e que também prejudica a família por causa de todo o desconforto e desarranjo que faz nas famílias», destacou.

O ponto menos bom de tudo foi mesmo a pouca participação portuguesa [cerca de 120 pessoas, segundo contabilidade apresentada à FAMÍLIA CRISTÃ por D. Antonino Dias, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família], que deixa este responsável apreensivo e crítico. «Acho que a nossa conferência episcopal devia refletir um bocadinho sobre o que aconteceu em Milão e porquê. Quem é que anima quem? São os leigos que têm de animar os bispos, ou são os bispos que têm de animar os leigos? Funciona nos dois sentidos? O D. Antonino era o único bispo português presente, não havia mais nenhum. Mas não podia estar aqui mais ninguém? Isto é para as famílias, é certo, mas faltou claramente presença da igreja portuguesa, faltou mobilização dos casais nas dioceses, da equipa nacional, dos movimentos, que praticamente não estão presentes. Quando ouvimos que são 150 os representantes de Angola, com 3 bispos e 10 padres, eu fico corado de vergonha, porque nós não chegamos a tanto…», lamenta o responsável, que não dúvidas que foram lançadas muitas bases de trabalho para o futuro nas dioceses. «Não é por falta de conteúdos que vamos trabalhar mal, se o fizermos é mesmo por falta de vontade…», conclui.

domingo, 3 de junho de 2012

Mais de 1,5 milhões de pessoas viram o Papa


O Pe. Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, afirmou hoje em conferência de imprensa que mais de 1,5 milhões de pessoas estiveram com o Papa nestes três dias em que o Sumo Pontifíce esteve em Milão para o VII Encontro Mundial das Famílias. Este é um número que deixa o Papa «muitos satisfeito e sensibilizado», em virtude das várias manifestações de carinho que recebeu dos peregrinos presentes nas estradas, na Piazza del Duomo, no Teatro della Scala, no estádio de San Siro e no aeroporto de Bresso, onde 350 mil pessoas celebraram ontem a Festa dos Testemunhos e cerca de 1 milhão participou hoje na Santa Missa.

O Pe. Lombardi revelou ainda que o Papa ficou muito «contente» por ter podido ser ele a fazer o anúncio oficial da próxima cidade de acolher o Encontro Mundial das Famílias. «Obviamente que a escolha estava feita, não lhe apareceu por inspiração durante o Angelus, mas foi muito bom que ele pudesse ter anunciado apenas ali, e que o segredo se tivesse mantido», afirmou o Pe. Lombardi aos jornalistas presentes na conferência de imprensa que teve lugar após a celebração no Aeroporto de Bresso.

Ainda sobre a escolha de Filadélfia, o Pe. Lombardi explicou que a escolha tinha seguido um «critério geográfico». «O procedimento é termos uma rotatividade entre Europa e o resto do mundo, e portanto depois de Rio de Janeiro, Manila e México, o próximo será na América do Norte, onde iremos encontrar uma realidade cultural e espiritual muito diferente», disse o porta-voz do Vaticano.

Após a celebração da Santa Missa, Bento XVI almoçou com famílias dos vários continentes do mundo. Eram sete as famílias: de Bagdade, Iraque, a família Hassib, de duas pessoas; de Kinshasa, na República Democrática do Congo, os esposos Botolos; da Cidade do México, a família Gomez Serrano, composta pelo casal, o seu filho e uma avó; de Espanha os espanhois Burgos; da Austráliaa família Gree, de 4 elementos, entre os quais um seminarista: de Filadélfia, cidade que vai acolher o VIII Encontro Mundial das Famílias, a família Tumco, composta por sete elementos, os pais com cinco filhos; e finalmente, de Milão, cidade que acolheu este evento, a família Colzani foi ao almoço acompanhada dos seus quatro filhos, segundo informou a sala de imprensa do VII Encontro Mundial das Famílias.

Questionado sobre o porquê de o Papa ter falado tão especificamente sobre a temática dos casais divorciados, o Pe. Lombardi afirmou que o Papa não pretende mudar nada com este discurso. «Esta não foi uma mensagem para os padres ou os técnicos destas áreas. O Papa abordou a questão de uma forma pastoral, falando para as famílias que o ouviam. Ele considera que é tarefa das dioceses darem resposta a esta temática, e por isso o disse na sua homilia, e ele espera que esteja a haver este trabalho. Por isso, resolveu dar o seu contributo para esta questão, apesar de saber que o trabalho deve ser feito mais a nível local», sustentou o Pe. Lombardi.

No final da conferência de imprensa, o porta-voz do Vaticano elogiou a beleza do evento de Milão. «Vimos um Papa sereno e muito contente com esta jornada, estes três dias muito belos de pastoral da Igreja num evento internacional. Foi um evento eclesial muito expressivo do serviço da igreja para a sociedade. É uma mensagem positiva, não polémica, de tornar grande a voz da família, e foi um evento que expressa a missão da Igreja no mundo de hoje e na sociedade», concluiu.

Filadélfia recebe próximo Encontro Mundial das Famílias



O Papa Bento XVI anunciou que Filadélfia foi escolhida para receber o VIII Encontro Mundial das Famílias, em 2015. Durante a oração do Angelus, o Santo Padre fez o anúncio que deixou a delegação de Filadélfia muito feliz.

Dirigindo-se aos peregrinos de língua portuguesa presentes no Aeroporto de Bresso, em Milão, o Papa pediu que «reservem o domingo para Deus, e fazei festa com Deus».

«Saúdo as famílias dos diversos países de língua portuguesa, aqui presentes ou em comunhão connosco, a todas recordando o olhar da Trindade divina que, desde a aurora da criação, se pousou sobre a obra feita e com ela se alegrou: «Era muito boa!» Queridas famílias, sois o trabalho e a festa de Deus! Reservando o domingo para Deus, fazei festa com Deus e repousai, juntos, na Fonte donde brota a vida para construir o presente e o futuro. As forças divinas são bem mais poderosas que as vossas dificuldades! Não tenhais medo! Sede fortes de Deus! Com alegria, vos anuncio que o próximo Encontro Mundial será em 2015 na cidade americana de Filadélfia», disse o Papa.

No final da oração do Angelus, Monsenhor De Scalzi anunciou que o Papa tinha decidido doar 500 mil euros para ajudar no trabalho das dioceses que tinham sido afetadas pelos terramotos recentes.

«A vocação do amor é a única que pode transformar o mundo de verdade»



Na homilia da missa de encerramento do VII Encontro Mundial das Famílias, em Milão, Bento XVI fez um discurso virado para a família, como seria de esperar. O Papa saudou todos os presentes e começou por afirmar que as comunidades cristãs deveriam todas ser «cada vez mais como famílias». «Está-nos confiada a tarefa de construir comunidades eclesiais que sejam cada vez mais família, capazes de refletir a beleza da Trindade e evangelizar não só com a palavra mas – diria eu – por “irradiação”, com a força do amor vivido», referiu o Papa.

Referindo-se ao casamento, Bento XVI defendeu que «é o amor que faz da pessoa humana a autêntica imagem de Deus». «Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade, mas também com características próprias e complementares, para que os dois fossem dom um para o outro, se valorizassem reciprocamente e realizassem uma comunidade de amor e de vida», defendeu. Revelando aos casais que, «na vivência do matrimónio, não dais qualquer coisa ou alguma actividade, mas a vida inteira», o Papa sustentou que o amor fecundo do casal revela-se em várias facetas. «O vosso amor é fecundo, antes de mais nada, para vós mesmos, porque desejais e realizais o bem um do outro, experimentando a alegria do receber e do dar. Depois é fecundo na procriação generosa e responsável dos filhos, na solicitude carinhosa por eles e na educação cuidadosa e sábia. Finalmente é fecundo para a sociedade, porque a vida familiar é a primeira e insubstituível escola das virtudes sociais, tais como o respeito pelas pessoas, a gratuidade, a confiança, a responsabilidade, a solidariedade, a cooperação», salientou, perante uma multidão de cerca de 850 mil pessoas, que o escutava em profundo silêncio.

Não se esquecendo as crianças, o Papa advertiu os pais para a importância da educação dos seus filhos. «Cuidai dos vossos filhos e, num mundo dominado pela técnica, transmiti-lhes com serenidade e confiança as razões para viver a força da fé, desvendando-lhes metas altas e servindo-lhes de apoio nas fragilidades», pediu o Santo Padre, que de seguida se dirigiu aos filhos, exortando-os a «manter sempre uma relação de profundo afeto e solícito cuidado com os vossos pais», e «entre irmãos e irmãs».

Bento XVI não ignora as dificuldades por que passam os casais hoje em dia, mas apelou a que escutassem e seguissem os testemunhos das famílias presentes neste Encontro: « manter um relacionamento perseverante com Deus e participar na vida eclesial, cultivar o diálogo, respeitar o ponto de vista do outro, estar disponíveis para servir, ser paciente com os defeitos alheios, saber perdoar e pedir perdão, superar com inteligência e humildade os possíveis conflitos, concordar as directrizes educacionais, estar abertos às outras famílias, atentos aos pobres, ser responsáveis na sociedade civil», enumerou. Mais do que saber como se constrói uma relação em casal, o Papa quer que as famílias se tornem «um Evangelho vivo, uma verdadeira Igreja doméstica».

O problema dos cristãos divorciados esteve presente também na homília de Bento XVI, que pediu às dioceses que trabalhem para os saber acolher nas suas comunidades. «Quero dedicar uma palavra também aos fiéis que, embora compartilhando os ensinamentos da Igreja sobre a família, estão marcados por experiências dolorosas de falência e separação. Sabei que o Papa e a Igreja vos apoiam na vossa fadiga. Encorajo-vos a permanecer unidos às vossas comunidades, enquanto almejo que as dioceses assumam adequadas iniciativas de acolhimento e proximidade», disse o Papa.

O tema deste Encontro Mundial das Famílias, «A Família: Trabalho e Festa», não foi esquecido nesta homília. O Papa criticou as teorias económicas modernas, onde «prevalece muitas vezes uma conceção utilitarista do trabalho, da produção e do mercado económicas». «O projeto de Deus e a própria experiência mostram que não é a lógica unilateral do que me é útil e do maior lucro que pode concorrer para um desenvolvimento harmonioso, o bem da família e para construir uma sociedade mais justa, porque traz consigo uma competição exasperada, fortes desigualdades, degradação do meio ambiente, corrida ao consumo, mal-estar nas famílias. Antes, a mentalidade utilitarista tende a estender-se também às relações interpessoais e familiares, reduzindo-as a convergências precárias de interesses individuais e minando a solidez do tecido social», argumentou o Papa.

O final da homília foi dedicado à importância do Domingo, enquanto dia de festa e de descanso. «Queridas famílias, mesmo nos ritmos acelerados do nosso tempo, não percais o sentido do dia do Senhor! É como o oásis onde parar para saborear a alegria do encontro e saciar a nossa sede de Deus», apelou Bento XVI, para quem «as três dimensões da nossa vida [família, trabalho e festa], se devem encontrar num equilíbrio harmonioso». «Harmonizar os horários do trabalho e as exigências da família, a profissão e a maternidade, o trabalho e a festa é importante para construir sociedades com um rosto humano», concluiu.

Na estrada desde o amanhecer para rezar com o Papa


Nas primeiras horas da manhã para os voluntários do Parco Nord já estão trabalhando, as crianças estão sonolentas e os casais que são «veteranos» destas reuniões da igreja e aqueles para quem a «Família» é sua primeira experiência grande: todos estão à espera do grande Missa de encerramento.

No último dia do Encontro Mundial das Famílias 2012, os grupos de peregrinos acordam lentamente, como que à espera do nascer do sol. Às cinco, o exército de voluntários está quase sozinho na área do Milan Parco Nord - Aeroporto de Bresso, onde a Missa de encerramento será celebrada. Alguns levantaram-se antes de quatro horas, a fim de deixar tudo pronto, e agora podem desfrutar de alguns momentos de tranquilidade nas cadeiras atrás do palco. Eles brincam com os responsáveis das equipas que os chamam. «Daqui só nos mexemos para receber o Papa» Na relva já há várias famílias, as mais determinadas e corajosas, que ontem à noite após a Festa de testemunhos montaram barracas, convencidos de que o melhor lugar para dormir estava lá no parque.

Aqui os protagonistas são crianças. São eles que, com mais ou menos sono, deixam claro o quão perto está o momento da celebração. Alguns estão em tendas tão pequenas que parecem brinquedos. O mais novo, que ontem à noite estavam certos: "podemos jogar agora, e amanhã vamos jogar de novo" - estão agora afundado no sono, enquanto os pais cuidam do pequeno-almoço. Para muitos, é a sua primeira experiência de uma noite passada com seus filhos fora das suas camas em casa. Um casal de Novara, com quatro crianças de 8 anos para baixo, são veteranos dos Dias Mundiais da Juventude e estavam ansiosos para experimentar o primeiro "dia" com seus filhos.

Lutando contra o sono, pouco a pouco os peregrinos chegam ao parque. Entre os primeiros, pouco depois das quatro, vem o marido e a esposa de Mântua. Para eles, que tem uma banca no mercado local, não é um problema acordar cedo.

Depois, há as delegações estrangeiras. Um pequeno grupo de venezuelanos vieram com os seus filhos nos braços, envoltos em cobertores: participaram no Congresso Internacional Teológico-Pastoral desde terça-feira, e agora estão sentados nos bancos da frente reservados para eles.Pouco a pouco, os espaços são preenchidos, e as peças do quebra-cabeça reúnem-se com vários grupos. A maioria são italianos, mas há também muitos espanhóis, portugueses, ingleses, e muitos sul-americanos. Com o passar do tempo, o sono dá lugar à antecipação e preparação para a missa. Alguns têm café, outros, os filipinos, estão em pé prontos com livros de orações e gostariam de avançar o mais perto possível, para terem a certeza de ver Bento XVI. As expetativas são muito grandes, pois, todos concordam que a celebração de hoje é o culminar de muitos dias intensos e emocionantes.

Enquanto os sacerdotes chegam, começam os testes de som, e o fluxo de peregrinos que entram no parque torna-se um fluxo grande. O mais surpreendente é a tranquilidade das famílias. A alegria do momento está nos olhos de todos. Eles estão gratos pela grande receção durante estes dias. Os últimos a levantarem-se são casais jovens, como acontece muitas vezes, com os recém-apaixonados. Os pais, entretanto, não são levados pela aventura de estar longe de casa. Eles são os mais organizados, e este domingo de manhã, veem isso como uma grande experiência com as suas famílias. E, agora, tudo está pronto para a celebração conclusiva.

Com Sala de Imprensa do VII Encontro Mundial das Famílias

Aprender a lição e fazer o trabalho de casa

Apesar do encontro estar a decorrer desde terça-feira, muitos dos peregrinos que se deslocaram até ao aeroporto de Bresso vieram apenas para estes momentos com o Papa. Foi o caso dos casais Santos, Carlos e Helena e Maria da Luz e Vítor, que vieram da Lourinhã apenas para estar com o Papa. Vamos encontra-los num dos primeiros gradeamentos livres, bem perto do sítio por onde vai passar o Papa.

Passaram a noite no recinto, e aproveitaram as primeiras horas do dia para se chegarem à frente, para onde tudo vai acontecer. «As inscrições só tiveram abertas 10 dias na nossa paróquia, e quando nos quisemos inscrever já estavam fechadas. O Vitor sugeriu virmos na mesma, comprámos os bilhetes e viemos assim um bocado à maluca, só mesmo para o encontro com o Papa», conta o Carlos. Aproveitando um conhecimento que Vítor Santos tinha junto do Caminho Neocatecumenal, juntaram-se ao grupo que já cá estava desde o início do Encontro. «No sábado de manhã fomos ter com eles à paróquia onde estavam, e depois fomos a uma celebração lindíssima na igreja de S. Ambrósio, e viemos para aqui», diz Vítor Santos.

O Carlos conta que a noite passada foi muito interessante. «À noite foi muito valioso no que diz respeito à família. É uma pena que isto não passe da teoria à prática. As famílias estão muito dispersas, muito desmotivadas, e era bom que o ser humano conseguisse ver as coisas de uma forma mais cristã, e é esse o trabalho que as famílias cristãs têm de fazer», sustentou. Maria da Luz refere à Família Cristã que é a participação neste tipo de eventos que dá mais força a quem vive este espírito. «Estes encontros são muito importantes. Vejo pelo meu filho que participa nestes encontros grandes, como é o caso das Jornadas Mundiais da Juventude, e vem de lá transformado, muito motivado, isto ajuda muito, porque a força de estarem todos juntos dá ânimo», diz, convicta.

Carlos Santos faz uma avaliação também muito positiva desta primeira experiência num evento destes. «Esta experiência está a ser muito interessante, é a primeira vez que participamos num evento com tanta gente junta. O objetivo foi bem traçado e bem conseguido, mas temos de levar a lição que aprendemos aqui e fazer o nosso trabalho de casa, senão isto não serviu para nada», alerta.

sábado, 2 de junho de 2012

Crise e fé no Encontro Mundial das Famílias



Bento XVI celebrou hoje com milhares de famílias de 153 países, incluindo Portugal, uma “festa dos testemunhos” que encerrou o penúltimo dia do Encontro Mundial que decorre em Milão, com a crise como pano de fundo, segundo noticia a Agência Ecclesia. «Na política, parece-me que deveria crescer o sentido de responsabilidade em todos os partidos, para que não prometam coisas que não podem realizar», disse o Papa, provocando uma salva de palmas dos presentes.

A intervenção de Bento XVI surgia em resposta ao testemunho da família Paleologos, da Grécia, que falou das dificuldades sentidas na sua pequena empresa de informática. «A nossa situação é uma entre tantos milhões, nas cidades as pessoas andam de cabeça baixa», constatou Nikos, o pai grego que confessou ter «cada vez menos» para oferecer à sua família. «Este testemunho tocou o meu coração e o coração de todos nós. Que podemos responder? As palavras são insuficientes», disse o Papa, em seguida. Bento XVI desejou que as famílias e as paróquias «ajudem, no sentido concreto», os que sentem mais dificuldades e disse rezar para que exista «criatividade» na solução das dificuldades criadas pela atual crise financeira. Nesse contexto, aludiu à geminação de cidades e propôs que estas ganhem «outro sentido»: «Que realmente uma família do Ocidente, da Itália, da Alemanha, da França, assuma a responsabilidade de ajudar uma outra família».

Após chegar ao aeroporto onde se desenrola a iniciativa, no norte de Milão, o Papa cumprimentou uma pequena menina de 7 anos, Cat Tien, do Vietname, que o interrogou sobre a sua infância. Bento XVI, nascido na Alemanha, lembrou a guerra, a pobreza e a ditadura, situações que o afetaram diretamente, superadas pela «união» entre todos os elementos da família. Este 7.º Encontro Mundial das Famílias (EMF), iniciado na quarta-feira, tem como tema ‘A família: o trabalho e a festa’. O Papa pediu que os empregadores pensem «em ajudar as famílias» a conciliar a sua atividade laboral com a vida em casa e apelou ao respeito pelo domingo como o dia em que todos «estão livres».

 Aos noivos Serge Razafimbony e Fara Andrianombonana, de Madagáscar, Bento XVI disse que «o amor, por si próprio, garante o "sempre" no matrimónio. «O sentimento do amor é belo, mas deve ser purificado, seguir um caminho de discernimento», prosseguiu.

Bento XVI falou ainda com os membros da família Rerrie, dos Estados Unidos da América, com seis filhos, e da família Araújo, do Brasil. O Papa aludiu ao «sofrimento» provocado pelos divórcios, também no seio da Igreja Católica, desejando que os que passam por esta situação «sintam que são amados e aceites», ainda que não possam receber a comunhão nas celebrações eucarísticas. Durante o evento houve uma ligação direta a uma das localidades afetadas pelo recente terramoto no nordeste da Itália e uma das famílias atingidas marcou presença no palco.

'Um mundo, uma família, um amor. O Papa em festa com as famílias do mundo’ foi o tema escolhido para a celebração, que incluiu, entre outros artistas, a atuação da cantora portuguesa Dulce Pontes, logo após a saída de Bento XVI. O Aeroporto de Bresso, onde estiveram esta noite cerca de 350 mil pessoas, segundo os organizadores do encontro, acolhe no domingo de manhã a missa conclusiva do EMF 2012.

D. Antonino Dias quer que mensagens do Encontro passem para as famílias que não vieram


D. Antonino Dias, bispo de Portalegre e Castelo Branco e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), considera que «as dioceses têm de assumir a sua quota parte de responsabilidade» no passar da mensagem destes dias do VII Encontro Mundial das Famílias, que está a decorrer em Milão.

O prelado responsável pela família em Portugal faz uma avaliação muito positiva do encontro. «Está a correr de forma positiva, e não se esperava outra coisa com o tema que foi proposto. Tem sido extraordinário, não só pela presença das pessoas, como pelas intervenções que houve no congresso», afirmou à Família Cristã antes do início da Festa dos Testemunhos, que vai decorrer no aeroporto de Bresso, em Milão. «Foram comunicações muito ricas da parte de todos os conferencistas, que abordaram temáticas que não são novidade, mas que foram aprofundadas de uma forma muito bela. Procurou dizer-se mais uma vez que a família não é do passado, é do futuro, e é isso que interessa mais retirar destes dias: a família tem futuro, e é isso que temos de pensar se queremos que a sociedade tenha futuro», avisou o bispo de Portalegre e Castelo Branco.

D. Antonino Dias não se mostrou muito desapontado com a participação portuguesa. «Não sei bem calcular a participação portuguesa. Pelas reuniões que fizemos tínhamos uma ideia de cerca de 120 pessoas, mas houve mais que vieram pelos seus meios», disse o bispo, que assumiu que agora é importante passar estas mensagens às famílias que ficaram em Portugal. «O grande desafio e também estímulo é fazer passar esta mensagem às famílias que não vieram. Todos temos de procurar passar essa mensagem, mas as dioceses têm de assumir a sua quota-parte de responsabilidade nesta tarefa».

No que diz respeito às mensagens chave do congresso, o presidente da comissão episcopal Laicado e Família destaca as intervenções sobre o próprio matrimónio e o trabalho. «Antes de mais, é a própria estrutura do matrimónio, que existe e há-de existir, e o trabalho, que marca o ritmo das famílias. Uma família que não tenha trabalho é negativo para a própria família, mas também aqueles que têm trabalhos que não são dignificantes refletem na família essa frustração, o que não dará bons resultados», concluiu.

Papa «sensibilizado» com receção das pessoas


O Pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano
O Pe. Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, estve hoje na sala de imprensa do VII Encontro Mundial das Famílias para fazer a avaliação do Papa em relação aos momentos vividos até ali. Segundo o Pe. Lombardi, o Papa estava muito «satisfeito e sensibilizado» com a receção que teve em Milão. «Estavam 150 mil pessoas nas estradas, 60 mil na praça Duomo e 80 mil hoje no estádio de San Siro, são números que metem respeito e que significa mito empenho da parte de todos», disse o sacerdote.

Falando do Encontro Mundial das Famílias, que juntou em Milão delegações de «153 países, 50 cardeais e 300 bispos», o porta-voz do Vaticano destacou o momento cultural de sexta-feira à noite, no Teatro della Scala. «No início, achei que não seria uma ideia muito boa, mas depois vi que sim. O Papa ficou muito satisfeito com o encontro entre o Milão laico e católico, pois foi o sentir de uma comunidade muito ampla», referiu, citando de seguida o discurso do Papa, em que «lembrou a reconstrução do Scala e o ligou à reconstrução da própria cidade, depois do terramoto». O tema do terramoto ganhou, aliás, maior destaque depois dos eventos recentes, que estiveram presentes em muitos dos eventos deste Encontro, inclusive o concerto de ontem, que foi dedicado às vitimas dos terramotos recentes. «O facto de ter havido um terramoto tão recente ajudou a dar um sentido extra de espiritualidade e solidariedade a este momento», afirmou o Pe. Lombardi, que lembrou a «sublime» intervenção do bispo de Mantua na adoração eucarística que se seguiu ao concerto, onde também foram lembradas as vítimas dos terramotos.

No que diz respeito ao evento com os jovens no estádio de San Siro, o porta-voz da Santa Sé afirmou que «Bento XVI está muito contente, pois não se recorda de ter tido um evento juvenil desta dimensão e organização nos últimos tempos».

O Pe. Lombardi concluiu dizendo que o Papa está bem de saúde, apesar da sobrecarga de eventos que vai ter hoje, sábado, já que teve 3 celebrações de manhã e ainda irá à Festa dos Testemunhos à noite e receberá as autoridades civis durante a tarde. «O Papa está contente e satisfeito com o acolhimento que tece. Ele é muito sensível à receção das pessoas, e aqui em Milão ficou muito sensibilizado com a receção que teve», concluiu.

Bento XVI lança desafios aos jovens


O estádio de San Siro encheu para receber o Papa

O Papa esteve hoje com mais de 70 mil pessoas, sobretudo jovens, no Estádio Giuseppe Meazza, em Milão. Deixou-lhes o desafio de «vencerem a tentação do mal e fazerem sempre o bem».
«Sede disponíveis e generosos com os outros, vencendo a tentação de vos colocardes a vós mesmos no centro, porque o egoísmo é inimigo da alegria», afirmou Bento XVI.
Antes do encontro, os participantes ouviram o testemunho de Laura, que recebeu o batismo, a comunhão e o crisma aos 23 anos para «dar um sentido de profundidade à vida».
No relvado foi colocada a palavra 'Pietro' (Pedro) em referência ao primeiro Papa da Igreja Católica.
Giovanni, um dos rapazes presentes no encontro, dirigiu-se ao Sumo Pontífice, em nome de todos: «Queremos dizer-te que tu és para nós o maior campeão e também o treinador da imensa equipa que é a Igreja.»
Bento XVI disse que o encontro com os mais novos constituía «uma grande alegria». E frisou que naquele famoso estádio de futebol, também conhecido como San Siro, eram eles os «protagonistas».
«Digo-vos com força: aspirai aos altos ideais, sede santos», realçou.
 «A santidade é a vida normal do cristão, não é reservado a alguns poucos eleitos, mas aberta a todos», acrescentou.
Dirigindo-se em particular aos jovens que receberam o sacramento da Confirmação ou se preparam para o fazer, o Papa falou nas «coisas fantásticas» que o Espírito Santo faz na vida de cada pessoa.
Bento XVI lembrou os dons do Espírito Santo: a sapiência, o intelecto, o conselho, a fortaleza, a ciência, a piedade e o temor de Deus, «que não significa ter medo dele, mas sentir por Ele um profundo respeito e o desejo de fazer sempre a sua vontade».
O Papa disse aos presentes para «participarem sempre com alegria e fidelidade na missa dominical» e a promover a «oração pessoal de todos os dias».
«Aprendei a dialogar com o Senhor, confia-vos a Ele, contai-lhe as alegrias e preocupações, pedi luz e apoio para o vosso caminho», disse.
Bento XVI frisou aos jovens que Deus os chama a «coisas grandes» todos os dias e deixou um apelo: «Estai abertos àquilo que o Senhor vos sugere e se vos chamar à via do sacerdócio ou da vida consagrada, não digais que não.»
«Não sejais preguiçosos, mas adolescentes e jovens comprometidos, em particular no estudo: é o vosso dever quotidiano e uma grande oportunidade que tendes para crescer», afirmou.
Depois do encontro, o Papa seguiu para a sede da arquidiocese milanesa, onde almoça em privado.

Papa pede «plena obediência»

O Papa pediu hoje que os padres e religiosos da Igreja Católica tenham uma vida de «plena obediência à vontade de Deus», fazendo «crescer a comunhão eclesial». As palavras de Bento XVI foram proferidas num encontro de oração na catedral de Milão, onde está a acontecer o VII Encontro Mundial das Famílias (EMF), cujo tema é «A família: o trabalho e a festa». «Não há oposição entre o bem da pessoa do sacerdote e a sua missão, pelo contrário, a caridade pastoral é elemento unificador da vida que parte de uma relação cada vez mais íntima com Cristo na oração», disse.

 O Papa destacou a «amorosa obediência de Jesus à vontade do Pai», no momento da sua morte, e elogiou «o celibato sacerdotal e a virgindade consagrada» como sinais de «caridade pastoral e de um coração indiviso». «Apenas e sempre em Cristo se encontra a fonte e o modelo para repetir todos os dias o "sim" à vontade de Deus», prosseguiu.

 Bento XVI conclui a sua intervenção com apelos à oração pelas vocações, «para mostrar ao mundo a beleza da doação a Cristo e à Igreja» e «renovar as famílias cristãs segundo o desígnio de Deus, para que sejam lugares de graça e de santidade». E pediu para se olhar para o futuro «com confiança». Depois da celebração, o Papa visitou em privado a cripta onde se encontram as relíquias de São Carlos Borromeu (1538–1584), cardeal e arcebispo de Milão.

O verdadeiro Encontro das Famílias


A festa foi grande entre as famílias italianas, que abriram as portas de suas casas, e as famílias portuguesas que receberam a dádiva de coração aberto

A organização do Encontro Mundial das Famílias optou por alojar muitos peregrinos junto das famílias de Milão. Ao mesmo tempo que permitia baixar o orçamento da viagem para quem se deslocava a Milão, o que é sempre importante em tempos de crise, esta foi uma decisão que permitiu a troca de experiências entre famílias que, convivendo na mesma casa durante os dias do Encontro, pôde trocar experiências e testemunhos.
Quando confrontada com a possibilidade de receber famílias em suas casas, a paróquia de S. Pio X não teve dúvidas e abriu as portas da comunidade e das suas casas. Em sorte, ou talvez não por acaso, calhou-lhes receber a delegação portuguesa da diocese de Leiria-Fátima e um dos grupos que se deslocava da diocese de Braga, num total de 22 pessoas. «Provavelmente, recebemos portugueses porque eu falo um pouco de português», refere-nos Angelo Bignamini, uma dos responsáveis pela receção aos portugueses, que esteve três anos a trabalhar no nosso país.

É sexta-feira à noite e a mesa está posta no centro paroquial. Apesar de não ser a última noite, no sábado muitos estarão com o Papa na Festa dos Testemunhos, e assim é hoje que se faz a despedida oficial e organizada. Depois da mesa farta, vêm as cantorias. Músicas portuguesas, cantadas por italianos, que vieram cá parar aprendidas no Brasil. «Muitos dos paroquianos fazem parte do movimento Comunhão e Libertação, e alguns dos sacerdotes italianos foram em missão para o Brasil, onde ouviram estas músicas e as trouxeram para cá, e ainda hoje elas se cantam em português», refere Angelo. Entre uma e outra música, que não se coíbe de cantarolar, conversamos sobre esta experiência que foi receber famílias em suas casas. «Foi algo de fantástico. Cada vez que famílias se encontram umas com as outras, com experiências diferentes mas um sentido comum, isso leva inevitavelmente a uma experiência grande», defende o professor reformado que ainda dá aulas no politécnico da zona. Apesar de não haver eventos organizados na comunidade, em virtude do já pesado programa do Encontro, Angelo explica que a comunidade S. Pio X ganha muito com estas trocas. «As famílias falam muito entre elas em casa, à noite, e isso volta para a comunidade sob a forma de testemunhos das famílias que acolheram e trazem depois essas experiências para a comunidade», argumenta.

A apresentação começa com uma atuação do coro do Instituto Sacro Cuore que ainda não tem nome. Cerca de dez jovens, em calções e t-shirt, entram na sala e faz-se silêncio. As músicas são cânticos das tropas de montanha, ou Canti Degli Alpini, que os soldados de montanha cantavam na 1ª Guerra Mundial e que se tornaram música popular no Norte de Itália. Seguem-se as tais canções portuguesas cantadas por italianos, e algumas versões portuguesas, cortesia dos peregrinos portugueses, que não quiseram deixar de agradecer aos seus anfitriões esta receção. «Nós, portugueses, achamos que sabemos receber e somos acolhedores, mas aqui aprendemos uma lição. Eu e a minha mulher ficámos a dormir no quarto principal da casa, e os donos da casa ficaram na sala, porque é assim que se recebe por aqui», conta-nos Jorge Teixeira, responsável diocesano da Pastoral Familiar em Braga. A esposa, Alexandra, recorda como foram tão bem recebidos. «Quando aqui chegámos, tínhamos um comité de boas-vindas à nossa espera, e algumas das pessoas que ficaram sem receber ninguém em suas casas ficaram muito tristes. É um espírito fantástico que temos vivido aqui», diz.

José Silva, cujo testemunho puderam ler na edição de Junho da FAMÍLIA CRISTÃ, estava «muito contente» com o andamento tanto do congresso como da forma como as coisas estavam a correr na paróquia, e não resiste a contar o momento caricato do dia. «Ofereci-me para dar informações a uma senhora que, ao ver-me, me disse logo “você está na revista FAMÍLIA CRISTÃ deste mês”, foi muito engraçado ser reconhecido aqui, no meio do Congresso», disse, entre risos. Prova clara de que os nossos leitores são atentos e participam nestes eventos tão importantes para a família…

O Jorge Braga, que é de Braga tanto no nome como na cidade de origem, estava sem palavras perante tudo. «Foi a primeira vez que vim a um Encontro, a primeira vez que vi o Papa, a primeira vez em Itália, a primeira vez para tudo, e está a ser uma experiência fantástica. Nunca estive com uma família de acolhimento, e nunca imaginei que as famílias que conhecemos aqui tivessem uma abertura tão grande para com pessoas que não conhecem de lado nenhum. Eu próprio não sei se teria esta abertura e iniciativa se estivesse a receber, mas agora sei que é assim que devemos ser para com os outros, e já convidei a família que me recebeu a ir visitar-nos lá», afirma.
A noite termina com um Pai-Nosso e uma Avé Maria rezados de mão dada, italianos e portugueses, cada um a rezar na sua própria língua, mas com a mesma fé e o mesmo sentido. Mais do que as intervenções do congresso ou os ateliês e as mesas redondas, são estas experiências paralelas que tornam estes encontros tão fortes e marcantes…

Papa lembra famílias afetadas pela crise

Uma multidão em festa recebeu Bento XVI na Piazza del Duomo, em Milão


O Papa disse hoje em Milão que todos «têm necessidade de ajuda e conforto», aludindo às «várias preocupações» das famílias contemporâneas, sobretudo as «mais atingidas pela crise económico-financeira». «Que não falte a nenhum destes nossos irmãos e irmãs o interesse solidário e constante da coletividade.» Bento XVI dirigiu-se em particular às «pessoas sós ou em dificuldade, aos desempregados, aos doentes, aos presos, a quantos estão privados de uma casa ou do indispensável para viver uma vida digna.

Nesta intervenção, o Papa lembrou ainda as vítimas dos terramotos no nordeste de Itália, onde 23 pessoas morreram e 14 mil ficaram desalojadas. O Sumo Pontífice elogiou a Igreja Católica e a sociedade civil por terem reagido «imediatamente» em socorro das populações, convidando «a uma generosa solidariedade». No seu discurso realçou a família como «principal património da humanidade» e base do «verdadeiro bem-estar». Recorde-se que o Papa está em Milão para o VII Encontro Mundial das Famílias, cujo tema é "Família: trabalho e festa", onde participam mais de uma centena de países, entre os quais Portugal. «Milão é chamada a redescobrir este seu papel positivo, prenúncio de desenvolvimento e de paz para toda a Itália», acrescentou.

O discurso de Bento XVI foi várias vezes interrompido pelas palmas dos presentes. Foi sublinhado o «profundo sentido eclesial e o sincero afeto de comunhão com o sucessor de Pedro» na comunidade católica da região e elogiada também a «riquíssima história de cultura e de fé». «Na clara distinção de papéis e finalidades, a Milão positivamente "laica" e a Milão da fé são chamadas a concorrer para o bem comum», observou. O Papa assistiu depois a um concerto, em sua homenagem, no Teatro La Scala. Sábado, pelas 10h00, decorre a celebração de laudes, com os padres, religiosos e religiosas da diocese milanesa, na catedral local. Depois, Bento XVI desloca-se ao Estádio Giuseppe Meazza, também conhecido como San Siro, para um encontro com jovens. À tarde, haverá uma reunião com as autoridades civis de Milão, antes da participação, pelas 20h30, na "Festa dos Testemunhos" inserida no Encontro Mundial das Famílias. Domingo, a celebração da missa será às 10h00, no Parque Norte, na periferia da cidade.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Uma oliveira pela paz e pelo diálogo inter-religioso


A partir de hoje, o VII Encontro Mundial das Famílias tem também nos espaços de Mico - FieraMilanoCity, o seu emblema: na verdade, uma árvore de oliveira jovem que chegou esta manhã diretamente da Nazaré, foi doada pelo Ministério do Turismo israelita ao Cardeal Scola, arcebispo de Milão. A iniciativa, promovida pela cidade de Nazaré e aprovada pelo Ministério do Turismo, praticamente une a cidade da Sagrada Família que, nestes dias, recebe peregrinos provenientes de 153 países diferentes.

O Arcebispo Scola, recebendo a oliveira das mãos de Tzvi Lotan, Conselheiro para os Assuntos Turísticos da Embaixada de Israel, cercado por muitas crianças nativas de diferentes partes do mundo, destacou como «este gesto nos mostrar o caminho de uma tarefa que nos espera a todos: a conquista da paz e da fraternidade no Médio Oriente, uma terra atormentada, onde até mesmo os cristãos sofrem perseguição». Constatando que as duas religiões, cristãs e judaicas, estão intrinsecamente ligadas pela Palavra de Deus e pela importância da oração em ambos, o cardeal Scola, que tinha ao lado o Cardeal Antonelli, salientou também como a oliveira, que vai crescer ( será plantada no final do Congresso dos Jovens no pátio da Cúria do arcebispo de Milão), «pode e deve ser um sinal de responsabilidade para com a família, como um lugar onde se pode viver em equilíbrio entre trabalho e o descanso».

Tzvi Lotan fez suas as palavras dos prelados, e disse, dirigindo-se ao Arcebispo, «Eminência é agora o guardião desta árvore, zelador para toda a família cristã». Eu sei, disse ele nos bastidores, «o grande empenho do cardeal na promoção do diálogo e da paz no Médio Oriente e no nosso país. É uma honra ter entregue em suas mãos a oliveira, o emblema do futuro, da reconciliação e diálogo, mas também da família», referiu.

O sentido do trabalho hoje

Há ideias que ficam a fazer eco naquele que foi o segundo dia dos trabalhos do Congresso Internacional Teológico Pastoral. Vale a pena lembrar, em síntese, as ideias-chave que incitam à reflexão das famílias cristãs. O trabalho, o seu sentido na sociedade hodierna, marcada pela globalização e pela impetuosa revolução tecnológica, o seu impacto sobre as dinâmicas familiares e os desafios que tudo isto coloca à consciência dos crentes foram os temas centrais no dia de ontem no VII Encontro Mundial das Famílias.

Na sua saudação mons. Jean Laffitte, secretário do Conselho Pontifício para a Família, sublinhou o significado do trabalho para a família cristã, como um «dever sagrado», evidenciando entre outras coisas, como «a santidade do trabalho é contradita por todas as atividades que pretendem diretamente privar os homens desta dimensão, ou oprimi-los com estruturas sociais inumanas que os reduzem a meros instrumentos de lucro, para fazer crescer as disparidades na destinação dos bens». O cardeal Dionigi Tettamanzi, arcebispo emérito de Milão frisou a relação entre família e trabalho numa dupla perspetiva: à luz da Palavra de Deus e da doutrina social da Igreja, com uma referência cristológica explícita, insistindo em Jesus, «filho do carpinteiro de Nazaré», graças ao qual «também o nosso trabalho se torna lugar de salvação e de santificação para nós e para os outros».

O professor Pedro Morandé Court, sociólogo chileno, traçou um retrato interessante sobre as dinâmicas relativas à relação família-trabalho no contexto atual e das perguntas que elas suscitam para os cristãos. Sem esconder os desafios e as insídias atuais, o investigador lançou aos participantes no Congresso internacional Teológico pastoral um desafio para saberem ler os sinais dos tempos, ou seja, as novas oportunidades oferecidas pelo contexto social, económico e cultural, para darem um testemunho mais eficaz e credível do Evangelho de hoje.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Famílias devem organizar-se e "defender os seus interesses"

O presidente da Comissão Episcopal Vida e Família do Brasil, D. João Carlos Petrini, afirmou hoje que é essencial que as famílias «possam refletir, pensar e organizar-se para defenderem os seus próprios interesses». O prelado falou à Família Cristã no final da conferência de imprensa do dia, e mostrou-se contente com a possibilidade que este encontro permite às famílias de refletirem sobre a sua própria vida. «Este tipo de encontros servem para chamar a atenção das autoridades para estas questões, e ao mesmo tempo convidar as famílias e organizarem-se em associações de famílias, de tal maneira que, como grupo de cidadãos livres e organizados, os homens e as mulheres membros de famílias possam apresentar as suas exigências às autoridades públicas», defende o bispo brasileiro.

D. Petrini mostrou-se preocupado com o ritmo frenético de trabalho dos dias de hoje, que em nada beneficia a família. «Especialmente nos últimos tempos, o trabalho tende a absorver não somente as energias do trabalhador, como o seu próprio tempo. No Brasil, nas grandes cidades, há pessoas que passam 13 ou 14 horas por dia fora de casa, e a vida da família é muito prejudicada. Às vezes, é uma pessoa estranha à família que acaba por tomar o lugar de pai e de mãe», como é o caso dos educadores nas escolas e jardins-de-infância. O presidente da comissão episcopal vida e família adianta ainda preocupações com a vida do próprio casal, «cuja convivência é muito prejudicada pelo pouco tempo que têm para estar juntos».

A escolha de formar família tem sido cada vez mais vincada nos últimos tempos, depois de um período em que não havia outra opção que não essa, ou a vida religiosa, para satisfazer as pessoas. «Na época dos meus pais e avós, era normal que um homem, chegando à idade adulta, casasse e encontrasse a sua realização humana no casamento. A família era o caminho normal, com exceção dos que optavam pelo convento ou o seminário, era a escolha tranquila. Atualmente, a família é mais uma escolha, que tem de ser pensada, e vivida com inteligência. Não pode ser apenas uma coisa espontânea que acontece porque “toda a gente faz assim, e eu também vou fazer assim”, defende D. João Pretini.

«Vale a pena refletir, pensar: Qual é a melhor maneira de trabalhar? Como é que o ambiente de trabalho pode estar mais reconciliado com as exigências da vida de família? Se nós ignoramos a família, se ela não constitui para nós um interesse prioritário, então pode avançar-se no campo da organização não olhando para a família, correndo o risco de que ela seja destruída, e se ninguém reclama é o que vai acontecer», concluiu.

Família é casa de pedras vivas

O ponto de vista eclesiástico e secular estiveram unidos ontem no Congresso Internacional Teológico Pastoral, na Fieramilanocity (A cidade da Feira de Milão), após a inauguração do VII Encontro Mundial das Famílias.

O Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Família, afirmou que a instituição família tem raízes importantes na Bíblia. Na sua comunicação A família entre obra da criação e festa da salvação, Ravasi realçou que um dos termos mais frequentes nas Sagradas Escrituras judaico-cristãs é o de "casa" ("bajit/bet, repetido 2092 vezes no Antigo Testamento e "oikos/oikía" repetido 209 vezes no Novo Testamento).

A imagem da casa tem um valor religioso e cultural. A casa é um «espaço indispensável, onde a família deve sobreviver e viver, e é constituída por pessoas que na família vivem, sofrem, estão em tensão ou dialogam», afirmou o cardeal, citado pela Zenit. Na casa existem muros de pedras vivas, metáfora dos filhos, de algo que cresce, que tende para cima. Ravasi disse que «a plenitude da família tende a ser confiada à prole».
A «casa» ou a família, é composta por três «quartos». O primeiro é o quarto da dor, ou seja, da laceração, da incompreensão, da violência, que a mesma narrativa bíblica dá muitas vezes testemunho.
As mesmas lacerações podem ocorrer hoje, em forma diferente, na fecundação in vitro, no casal homossexual, na clonagem e em vários «desconcertantes caminhos bioéticos» que ameaçam minar os alicerces da instituição familiar.

A segunda sala é a do trabalho: na sua obra da criação, Deus «não é certamente semelhante a um guerreiro destruidor, como se pintava, ao contrário, nas antigas cosmologias do Oriente Próximo», mas semelhante a um «trabalhador» que trabalha por uma semana laboral de seis dias (Gn 1,1) ou a um «pastor» (Salmo 23) ou um «agricultor» (Sl 65,10-14).

É nesta ótica que o salmista pinta um «delicioso interior familiar que tem no centro uma mesa festiva onde está sentado o pai que pode alimentar-se a si mesmo, a sua esposa comparada à uma videira fecunda, e os filhos, vigorosos brotos de oliveira, por meio da fadiga das suas mãos» (Sl 128,2-3). O salão de festas é também o salão da «alegria familiar». Através da festa o homem, de imperfeito como ele é, se torna «perfeito», entrando «no transcendente, no culto, no eterno».

O ponto de vista secular, marcadamente socioeconómico, foi analisado por Luigino Bruni, professor adjunto de Economia Política da Universidade de Milão-Bicocca. Segundo Bruni, a cultura dominante de hoje, olha «muito para a economia e pouco para o trabalho».

Erroneamente continua-se a perceber a economia como dialética «entre trabalhor e empreendedor», quando as duas categorias estão sujeitas ao mesmo domínio das finanças.
Segundo o professor, «deve-se voltar ao centro de todo o trabalho». Em vez disso, na mentalidade de hoje, «domina a cultura do incentivo, pela qual se trabalha duro só para a perspetiva de ser pago a mais».
Não se pode, no entanto, esgotar o trabalho somente no lucro: deve-se, pelo contrário, redescobrir a ética do «trabalho bem feito» que, disse o economista, «aprende-se facilmente em família». É, de facto, em família que se aprende a cultura da gratuidade, compreendida não tanto como sacrifício ou como trabalho gratuito, quanto como dom. A mentalidade do incentivo a todo custo, portanto, acaba por arruinar a melhor parte dos trabalhadores, «comprando» o seu coração e sua alma e «secando» a força de trabalho.

Na conclusão do seu discurso, o professor Bruni ofereceu várias propostas a fim de «re-humanizar» a relação economia-família: proibir as publicidades dirigidas às crianças, dirigindo-as como alvo para os pais, e proibir também qualquer publicidade de máquinas caça-níqueis e outros jogos de azar, todos substancialmente prejudiciais às relações familiares.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ajuda às vítimas do terramoto

O VII Encontro Mundial das Famílias apoia a iniciativa da Coldiretti para ajudar as áreas afetadas pelo terremoto. "Sementes da Solidariedade" é a operação organizada pela Coldiretti em colaboração com as famílias da Fundação Milan 2012. Nos espaços expositivos do Mico (Milan Congress Center), das 9.30 às 18h30, 3.000 queijos grana padano serão vendido para ajudar as quintas e produções leiteiras atingidas pelos recentes terramotos, que também envolveu a região de Mântua.

Contando apenas os danos do terremoto da semana passada, Coldiretti estimou as perdas como sendo mais de 250 milhões de euros só no sector agro-alimentar, mas o mais recente tremor de terra agravou essas perdas com a destruição de armazéns velhos e a queda de edifícios que tornou as casas inabitáveis.
Através da compra da "Semente da solidariedade", os 50.000 visitantes esperados na Feira da Família, incluindo muitos do exterior, farão um gesto concreto para ajudar as famílias de trabalhadores e empregadores de um dos setores económicos mais importantes de nosso país.

Durante a conferência de imprensa de abertura do VII Encontro Mundial das Famílias, o arcebispo de Milão, Angelo Scola lembrou as vítimas do terramoto. «Queremos expressar nossa solidariedade com as famílias das vítimas do terramoto, orando ao Pai por aqueles que morreram. Nós prometemos nossas orações e também o nosso apoio material», disse o Cardeal Scola.
Solidariedade também veio do Cardeal Ennio Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a Família, sentado ao lado de Scola. «Estamos perto deles - disse ele - com orações e com o nosso coração», disse.

Abertura do Congresso Internacional de Teologia

Cardeal Scola na sessão de abertura dos trabalhos no Congresso

O Congresso Teológico Pastoral Internacional, que começa hoje e termina sexta-feira 1 de junho, representa a proposta mais ampla e harmoniosa da Igreja Universal em questões como trabalho e celebração da família para o alto perfil dos oradores, matérias, e países representados. Há 111 oradores selecionados por um Comité Científico de prelados, intelectuais, professores universitários e especialistas de 27 países diferentes.  

Três dias de palestras, conferências, testemunhos, para um total de mais de 30 eventos programados em Milão e em outras sete cidades da Lombardia (Varese, Brescia, Bergamo, Pavia, Como, Lodi, Bosisio Parini-LC).
Um compromisso com uma forte natureza internacional, mesmo em termos de participantes. Mais de metade dos 6.000 membros registrados vêm do exterior, especialmente da América do Sul, Europa, Ásia. Entre eles, também os delegados das Igrejas particulares do mundo. 90% das conferências episcopais queriam que os seus representantes estivessem presentes: um bispo acompanhado por um sacerdote e uma família.
 

Um Congresso para a Família não podia deixar de cuidar dos mais novos. Assim, ao mesmo tempo, um Congresso para as crianças será realizada com 900 crianças e adolescentes entre 3 e os 18 anos de idade, provenientes de 53 países diferentes. Dividido em cinco faixas etárias, todos eles serão convidados a refletir sobre os mesmos temas enfrentados pelos adultos, seguindo um caminho que desenvolve a metáfora do Jardim. Desde o Jardim da Criação para que da Ressurreição de Jesus, lugar simbólico que une o trabalho e a festa à volta da família.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Os caminhos das Famílias conduzem todos a Milão

Famílias e paróquias locais abrirão as suas portas para celebrar com as famílias que chegarão de todo o mundo: Milão está pronto para receber o VII Encontro Mundial das Famílias. A cidade arregaçou as mangas, o número de camas disponíveis entre as famílias e as paróquias são 47 mil e poucos dias antes da chegada de Bento XVI, as freguesias vão trabalhar contra o relógio para acolher os peregrinos. O evento satisfaz mesmo as instituições. O presidente da câmara de Milão, Giuliano Pisapia, diz que «a família é a pedra fundamental da sociedade, estamos ansiosos para conhecer os nossos clientes», e Guido Podestà, presidente da Província de Milão, vê o evento como «uma ocasião para refletir sobre a família, um pilar insubstituível capaz de introduzir os jovens valores para a vida». Roberto Formigoni, presidente da região da Lombardia, também antecipa «com imensa gratidão e emoção» a chegada do Santo Padre. «Milão provou ser uma cidade acolhedora, espera-se que esta receção seja estendida aos peregrinos que querem visitar as nossas igrejas, especialmente as basílicas de interesse artístico e histórico», diz Mons Erminio De Scalzi, presidente da Fundação Milano Famiglie 2012, acrescentando que «estamos à procura de voluntários que possam garantir o horário de funcionamento contínuo e a manutenção das igrejas, mesmo nas horas em que normalmente estão fechadas. Espera-se também que a Catedral, a basílica de Santo Ambrósio e de outras igrejas religiosas possam garantir um serviço adequado para as confissões dos fiéis».

A igreja paroquial de Santíssimo Redentor, na área de Loreto, vai acolher 105 pessoas, um quarto dos quais chegarão a partir dos Camarões e do Equador. A paróquia de Santo Inácio de Loyola, em Lambrate, vai atrair milhares de pessoas à missa com o Papa. Turro, da paróquia de San Michele Arcangelo, vai acolher dois casais de Ruanda e 18 pessoas a partir de Madrid, além de 31 pessoas das dioceses de Chieti. Momentos de celebração, partilha e festa, as iniciativas promovidas pelas comunidades pastorais e paróquias irão ganhar vida.

Neste evento, instituições, autoridades e associações vão criar uma rica programação cultural de mais de sessenta eventos, incluindo reuniões, concertos, espetáculos e workshops. A partir de hoje e até 02 de junho, Fieramilanocity tornar-se-á o centro nevrálgico da Família. No Mico Milano Congressi será possível visitar a feira Internacional da Família, a Livraria da Família e dois espetáculos: "Genitori che generano Santi", dedicado aos pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, e "Il mondo na Casa. Una paese, una strada. Il mondo. Baranzate, laboratorio di futuro "- retratos de vinte e nove famílias de muitos países diferentes, todos a viverem na Via Gorizia, Baranzate. A entrada para a feira e a livraria é gratuita: os visitantes e membros da conferência pode acessá-los de porta em Viale Scarampo, a partir de hoje, terça-feira, até sexta-feira, 1 de junho, das 9 às 19 e de 2 Sábado Junho 9-12,30.

São esperados 50 mil visitantes, e mais de um milhão devem juntar-se no final da semana para a Festa dos Testemunhos com o Papa e a missa geral, no domingo.

A Família Cristã vai estar a acompanhar todos os desenvolvimentos do VII Encontro Mundial das Famílias num site próprio dedicado ao evento: www.familiacrista.com/encontromundialdasfamilias

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Hino litúrgico do VII Encontro Mundial das Famílias

O VII Encontro Mundial das Famílias tem um hino oficial. Chama-se La tua famiglia ti rende grazie. O hino litúrgico foi escrito e organizado por Padre Claudio Burgio, Maestro Director da Cappella Musicale da Catedral de Milão.

Gravado pelo coral Cara Beltà e pela Orquestra da Academia de Musica Sacra, regidos pelo Maestro Diego Montrone, o hino vai acompahnar os dias do evento, a partir do Congresso Teológico Pastoral, até a Santa Missa no domingo 3 de junho, celebrada pelo Papa Bento XVI , e será cantado, para 4 vozes, por todos os Corais participantes da "Festa dos Testemonhos" e da Missa.

O texto do hino, revisto e aprovado pelo Cardeal Arcebispo de Milão Angelo Scola e Cardeal Ennio Antonelli, presidente do Pontifício Conselho para a Família, celebra a Trindade, também em ocasião da Festa da SS. Trindade, que cai no dia 3 de junho. A imagem da Trindade é expressão da família como sujeito de comunhão e de relação entre pai e filho.

Bento XVI pede aos fiéis para «rezarem pelo sucesso» do VII Encontro Mundial de Famílias

Bento XVI convidou todos os cristãos a «seguirem com atenção» e a «rezarem pelo sucesso» do VII Encontro Mundial das Famílias, que vai começar quarta-feira na cidade italiana de Milão, noticia a Agência Ecclesia.
«Que as famílias estejam juntas no Espírito Santo para descobrirem a alegria das suas vocações na Igreja e no mundo», desafiou o Papa, que vai estar presente no evento, subordinado ao tema «A Família, o Trabalho e a Festa».

O Papa dirigiu esta mensagem a milhares de fiéis e peregrinos na Praça de São Pedro, durante um encontro para a recitação do Regina Caeli, oração que no tempo pascal substitui o Angelus.
A intervenção de Bento XVI evocou também o significado e a importância da festa do Pentecostes, que a Igreja Católica está a celebrar neste dia.

Cinquenta dias depois do primeiro domingo de Páscoa, os cristãos reúnem-se para recordar a descida do Espirito Santo sobre os Apóstolos de Cristo, que lhes deu a capacidade de evangelizarem em várias línguas.
Segundo o Papa, o Espírito Santo «constrói comunidade e compreensão entre pessoas das mais diversas proveniências» e «faz dos discípulos de Cristo testemunhas corajosas que anunciam a obra de salvação de Deus».
Trata-se ainda de um dom que «guia» as pessoas «para a verdade plena» e «consola a humanidade nos seus sofrimentos e necessidades».
Cumprimentando os presentes em oito línguas, o Papa fez votos de que «o Espírito da verdade alimente a fé e a esperança dos homens» na procura «do amor e da graça de Deus».

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Papa oferece almoço de solidariedade


Depois do Fundo de acolhimento das famílias do mundo, uma outra iniciativa de solidariedade sob o signo do Family 2012. Um almoço de solidariedade para 100 famílias oferecido pelo papa Bento XVI. Para sublinhar os valores de acolhimento, abertura ao outro e ajuda recíproca, no centro do VII Encontro mundial das Famílias, o Santo Padre quis realizar um gesto concreto e tangível de solidariedade, oferecendo um almoço
Este "almoço da solidariedade", organizado pela Caritas Ambrosiana, terá lugar às 13h30, no refeitório da Universidade Católica, em Milão, no domingo dia 3 de junho, último dia da visita papal à capital da Lombardia. As famílias convidadas foram escolhidas entre as seguidas pelos serviços e centros de acolhimento de diversas realidades caritativas. Entre os hóspedes haverá famílias atingidas pela crise, refugiados políticos, imigrantes, casais anciãos em isolamento, que almoçarão juntos com os voluntários e funcionários que vivem dia a dia as suas dificuldades: serão 100 famílias (cerca de 300 pessoas). Um momento de convívio e de partilha que terá as cores e as vozes do mundo. Os comensais desta grande mesa solidária serão de diversa nacionalidade, porque provenientes de diversos países como peregrinos vindos até Milão para encontrar o Santo Padre.

Esta não é a única iniciativa de solidariedade que carateriza o VII Encontro mundial das famílias. Para oferecer a oportunidade também às famílias que não se poderiam permitir os custos de uma viagem intercontinental, a Fundação Milão Famílias 2012 instituiu um fundo. «Com as ofertas de tantos pequenos doadores, em três meses, o Fundo de acolhimento das famílias do mundo conseguiu recolher cerca de 50 mil euros», afirma a organização. Os recursos, controlados pelo Secretariado missionário da diocese de Milão, permitiram que se ajudassem 28 famílias originárias da Zâmbia, Bielorússia, Brasil, Albânia e Congo.
Graças às relações entre os missionários ambrosianos e as suas paróquias de origem, estas famílias, além disso, puderam contar também com a ajuda dos fiéis das paróquias da diocese de Milão, que em muitos casos deram contributos e abriram também as portas de suas casas, oferecendo acolhimento aos peregrinos nos dias do Encontro.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Santa Sé apresenta VII Encontro Mundial das Famílias



O Cardeal Ennio Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a Família; Cardeal Angelo Scola, arcebispo de Milão, Itália, e Pierpaolo Donati, professor do departamento de sociologia da Universidade de Bolonha, Itália , presidiu hoje a uma conferência de imprensa realizada no Gabinete de Imprensa da Santa Sé para apresentar o VII Encontro Mundial das Famílias, que terá lugar em Milão entre 30 de Maio a 3 de Junho sobre o tema: "A Família: Trabalho e Festa". O Cardeal Antonelli concentrou seus comentários sobre os preparativos para o próximo evento, que foi anunciado pelo Santo Padre no final do último Encontro Mundial das Famílias, realizado na Cidade do México em 2009. Ao longo dos últimos três anos, o Conselho Pontifício para a Família reuniu-se em várias ocasiões com o arcebispo de Milão e os seus colaboradores mais próximos, a fim de conjugar os seus esforços para a reunião de Milão. O cardeal elencou algumas das iniciativas preparatórias organizadas pelo seu Conselho.


Por seu lado, o Cardeal Scola observou que o tema do encontro reúne os três aspetos fundamentais da vida diária do homem - trabalho, família e outros - e destaca duas características principais do episódio da experiência humana em todo o mundo: a singularidade dos indivíduos e o facto de que eles estão sempre em relação com os outros. Assim, este Encontro Mundial das Famílias «interpretou a importância perene destas questões, e deste momento histórico particular».

O arcebispo de Milão continuou: «A família fundada no matrimónio entre um homem fiel e uma mulher, e aberto à vida, acima de todos os desenvolvimentos culturais que o afetaram, ainda se impõe como a melhor maneira de gerar e criar filhos . Na família, a criança ... vê o futuro como uma promessa. Desde a infância que todos nós tentamos descobrir o significado do trabalho, primeiro como trabalho de escola e eles como uma profissão. Através do trabalho ... nós desenvolver complexas relações sociais .... Descobrimos um gosto para a construção, ... mas acima de tudo ganhamos um senso de confiança recíproca, que é o cimento vital de convivência humana». «A vida impõe seu ritmo em nós», acrescentou o Cardeal. «Isso obriga-nos a estabelecer uma ordem entre os afetos familiares e os de trabalho. Ao fazer isso, somos ajudados pelo resto, que marca o ritmo da vida .... A celebração é o ápice de resto, uma utilização gratuita e partilhada de tempo e espaço que é uma fonte de alegria. O homem torna-se reconciliado consigo mesmo, com os outros e com Deus. Não é coincidência que todas as tradições religiosas têm sempre utilizado a celebração», referiu.

Para concluir,  o Cardeal Scola falou sobre o interesse que o VII Encontro Mundial das Famílias está a suscitar nos meios de comunicação social. A família, segundo ele, é o foco de atenção porque é um «recurso indispensável», um capital social «que exige políticas específicas, talvez também como resultado da grave crise económica em que estamos». Algumas das estatísticas divulgadas mostram que são esperadas mais de um milhão de fiéis para participar da missa papal, e 300.000 a participar na Festa dos Testemunhos.

A Família Cristã vai estar em direto de Milão na próxima semana e vai trazer-lhe todas as notícias do VII Encontro Mundial das Famílias.