Bento XVI celebrou hoje com milhares de famílias de 153 países, incluindo Portugal, uma “festa dos testemunhos” que encerrou o penúltimo dia do Encontro Mundial que decorre em Milão, com a crise como pano de fundo, segundo noticia a Agência Ecclesia. «Na política, parece-me que deveria crescer o sentido de responsabilidade em todos os partidos, para que não prometam coisas que não podem realizar», disse o Papa, provocando uma salva de palmas dos presentes.
A intervenção de Bento XVI surgia em resposta ao testemunho da família Paleologos, da Grécia, que falou das dificuldades sentidas na sua pequena empresa de informática. «A nossa situação é uma entre tantos milhões, nas cidades as pessoas andam de cabeça baixa», constatou Nikos, o pai grego que confessou ter «cada vez menos» para oferecer à sua família. «Este testemunho tocou o meu coração e o coração de todos nós. Que podemos responder? As palavras são insuficientes», disse o Papa, em seguida. Bento XVI desejou que as famílias e as paróquias «ajudem, no sentido concreto», os que sentem mais dificuldades e disse rezar para que exista «criatividade» na solução das dificuldades criadas pela atual crise financeira. Nesse contexto, aludiu à geminação de cidades e propôs que estas ganhem «outro sentido»: «Que realmente uma família do Ocidente, da Itália, da Alemanha, da França, assuma a responsabilidade de ajudar uma outra família».
Após chegar ao aeroporto onde se desenrola a iniciativa, no norte de Milão, o Papa cumprimentou uma pequena menina de 7 anos, Cat Tien, do Vietname, que o interrogou sobre a sua infância. Bento XVI, nascido na Alemanha, lembrou a guerra, a pobreza e a ditadura, situações que o afetaram diretamente, superadas pela «união» entre todos os elementos da família. Este 7.º Encontro Mundial das Famílias (EMF), iniciado na quarta-feira, tem como tema ‘A família: o trabalho e a festa’. O Papa pediu que os empregadores pensem «em ajudar as famílias» a conciliar a sua atividade laboral com a vida em casa e apelou ao respeito pelo domingo como o dia em que todos «estão livres».
Aos noivos Serge Razafimbony e Fara Andrianombonana, de Madagáscar, Bento XVI disse que «o amor, por si próprio, garante o "sempre" no matrimónio. «O sentimento do amor é belo, mas deve ser purificado, seguir um caminho de discernimento», prosseguiu.
Bento XVI falou ainda com os membros da família Rerrie, dos Estados Unidos da América, com seis filhos, e da família Araújo, do Brasil. O Papa aludiu ao «sofrimento» provocado pelos divórcios, também no seio da Igreja Católica, desejando que os que passam por esta situação «sintam que são amados e aceites», ainda que não possam receber a comunhão nas celebrações eucarísticas. Durante o evento houve uma ligação direta a uma das localidades afetadas pelo recente terramoto no nordeste da Itália e uma das famílias atingidas marcou presença no palco.
'Um mundo, uma família, um amor. O Papa em festa com as famílias do mundo’ foi o tema escolhido para a celebração, que incluiu, entre outros artistas, a atuação da cantora portuguesa Dulce Pontes, logo após a saída de Bento XVI. O Aeroporto de Bresso, onde estiveram esta noite cerca de 350 mil pessoas, segundo os organizadores do encontro, acolhe no domingo de manhã a missa conclusiva do EMF 2012.
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